Ministra Matilde

Essa semana foi noticiado em vários meios de comunicação (Portal G1)o caso da Ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, que apesar de ganhar mais de R$10 mil por mês como salário, não está satisfeita e tem usado o cartão coorporativo, que é pago com dinheiro público, para gastos pessoais como, por exemplo, comprar produtos no free shop no valor de R$461,16.

Primeiro, que ministério é esse??

Segundo, por que será que uma pessoa que ganha mais de R$10 mil precisa roubar quatrocentos reais dos cofres públicos? Ou é ignorante ou é burra mesmo.

Se ela tiver uma despesa pessoal de R$3 mil e conseguir guardar R$7 mil por mês, no final de 5 anos ela teria conseguido guardar R$420 mil, isso se ela deixar a grana embaixo do colchão, ou seja, sem render em nenhuma aplicação.

Mas nem tudo está perdido. Segundo as notícias da mídia, ela está com a corda no pescoço. Só espero que essa aí não seja afastada com aposentadoria astronômica e nunca mais tenha acesso ao dinheiro dos meus impostos.

"Essa parede é Azul."

Voltando um pouco no tempo, na crise aérea do ano passado, Mommy Government pisou forte no chão, fez tremer a passarela e proibiu vôos de conexão em Congonhas, provando por A+B como a busca por lucro (a.k.a. ganância) das empresas aéreas colocou a vida dos passageiros em risco.

Então, bateu nos peitos e disse: "Deixa que eu resolvo!" – no melhor estilo craque-matador-fominha dentro da pequena área – prometendo até novo aeroporto em São Paulo. 6 meses depois, a obra continua no campo das idéias. Até aqui, nenhuma surpresa.

Ontem Mommy Government voltou atrás, e autorizou a utilização do Aeroporto de Congonhas para vôos de conexão. Enquanto noticiava a re-liberação de Congonhas, a Globo mostrou um pronunciamento do Lula em rede nacional, em 20 de julho de 2007, quando ele afirma veementemente que esse aeroporto "Não pode mais ser um ponto de distribuição de vôos, conexões e escalas".

AHA! Agora sim: surpresa!!! Bom... Infelizmente não. Nem isso chega a surpreender a gente (leia-se: nós, brasileiros).

Nem isso, nem o fato de que Mommy prometeu que não ia aumentar impostos para compensar a perda da CPMF, e nas primeiras horas de 2008 introduz um aumento de IOF e outras contribuições. Nada mais parece nos assustar quando o assunto é a capacidade de mentir da nossa classe política.

Mas como mentem. Mentem como se não houvesse amanhã. Mentem sem nenhum constrangimento, como se não houvesse nenhuma questão moral envolvida.

Mente-se tanto que é até difícil descrever em palavras. Por isso, permitam-me apresentar uma pequena peça de ficção onde extrapolei essa idéia ao último ponto que julguei possível...

Essa parede é Azul
um delírio de Sergio Salvador

O presidente sobe ao palanque. Testa o microfone com alguns tapinhas carinhosos, ao mesmo tempo que o mar de repórteres vai ficando em silêncio.

– Boa tarde senhores. Obrigado pela presença de todos hoje nessa coletiva. Gostaria de anunciar que esta parede, que se encontra atrás de mim nesse momento, é Azul.

Silêncio no auditório. Repórteres olhando uns para os outros rapidamente. Leve zumbido de cochichos aqui e acolá. Finalmente, um profissional mais experiente e tarimbado põe sua reputação à frente, levantando sua mão.

– Pois não, pode fazer sua pergunta – diz o presidente.

– Senhor Presidente, acho que houve algum engano. A parede atrás do senhor é Vermelha, e não Azul.

O presidente nem vira.

– Não, não. A parede é realmente Azul. O problema é o ângulo em que vocês estão olhando.

O grupo de dezenas de jornalistas, então, começa instintivamente a se deslocar para esquerda em pequenos passinhos apressados, quase ensaiados, procurando o melhor ângulo para cobrir a novidade.

Param.

Observam.

Novo cochichar. Agora uma mulher se dirige ao presidente:

– Senhor presidente, a parede ainda parece Vermelha daqui e...

– QUE? – interrompe o presidente, fazendo conchinha com a mão direita e levando à orelha – Fala mais alto que vocês ficaram longe demais!

– SENHOR, É QUE A PAREDE AINDA PARECE VERMELHA! DEU PRA ESCUTAR?

– Hehe... – se contém o presidente – Eu sei, eu sei, mas olha só: é que é difícil ver daí, da posição de vocês. Mas daqui de onde eu estou, podem acreditar: essa parede é Azul. E eu sou o presidente ou não sou? Eu fui eleito, né? Eu não ia mentir pra vocês sobre uma coisa dessas.

Novos cochichos, balançar de cabeças em sinal de positivo. "Obrigado e boa tarde!". O presidente deixa o auditório, enquanto apagam-se as luzes do palanque, escurecendo a parede vermelha.

Proibindo o garupa em Motos

Recentemente o Governador Sérgio Cabral "deixou vazar" para a imprensa que estava considerando adotar uma medida que foi utilizada na Colômbia para a redução da criminalidade: proibir a circulação de motos com 2 passageiros, transformado-as em veículos para 1 pessoa.



A justificativa, claro, é que isso seria feito visando a segurança da população: as estatísticas mostram que a maioria absoluta dos crimes cometidos em motos envolvem a ação do carona. Portanto, retirando-se esses "atores" do cenário de violência da cidade, o crime seria afetado. Isso é fato.

Também é fato que as estatísticas mostram que a maioria dos criminosos é da raça negra. Infelizmente, números não mentem. Portanto, se além de probir motos com garupa, o governador propusesse leis que restrinjam a circulação de pessoas de cor, presenciaríamos uma redução acentuada dos crimes na cidade.

E já que a números também mostram que a maior parte dos crimes ocorre no período da noite, não podemos descartar a possibilidade de um toque de recolher no Rio de Janeiro, que com certeza traria mais tranquilidade para os homens e mulheres de bem dessa cidade.

Agora, imaginem que paraíso: livres da potencial ameaça de motociclistas com garupa, negros, ou do véu da noite para esconder os marginais... Um mundo perfeito, sem dúvidas. A não ser, é claro, que você seja motociclista, negro ou goste de sair à noite.

Você pode não ser incluir em nenhuma dessas situações (fictícias hoje e igualmente absurdas para mim), e achar que medidas como essas (que, não se engane, diminuiriam SIM a criminalidade na cidade) não lhe incomodariam tanto assim e portanto poderiam ser adotadas pelo governo.

Mas o engraçado sobre a restrição da liberdade individual é que ela é como uma bola de neve: ela vai aumentar, e uma hora ou outra, vai alcançar você, poupando alguns poucos mais próximos ao poder. E quando menos espera, você só pode ir aonde e fazer o que determinam que é bom. Isso tudo, claro, pensando apenas na sua proteção e bem estar...

Então, se você quer ser livre, esteja sempre preparado(a) para defender a liberdade de outros. Mesmo que, a primeira vista, pareça que você não tem nada a ver com essa história.