quinta-feira, julho 06, 2006

Rio de Janeiro X Europa

Após uma bela viagem por 5 capitais européias onde a situacao mais perigosa que presenciei foi a de um carteirista (batedor de carteiras) de no mínimo 60 anos de idade na capital lusitana.

Antes de retornar ao Rio de Janeiro resolvi dar uma olhadinha nos jornais locais cariocas. Já no primeiro (O Globo) me deparo com a manchete abaixo na primeira página


Nessas horas eu me pergunto. Será que eu devo voltar? Será que eu devo pedir asilo para mim e toda minha família à uniao européia?

Enquanto isso no metrô de Berlim (U-Bahn) uma alema em seus 20 e poucos anos senta-se ao meu lado, abre um caderno e comeca a escrever em inglês seus próximos objetivos na vida.

1 - I want to learn the English language fluently
2 - I want to live and work in another country (Brazil??)

traducao:

1 - Eu quero aprender a língua inglesa fluentemente
2 - Eu quero morar e trabalhar em outro país (Brasil??)

Sorte dela nao falar Português e nao poder ler a manchete acima.

Isso me fez pensar que realmente o Brasil tem uma ótima imagem aqui na Europa. É moda na Europa usar chinelos havaianas com a bandeirinha do Brasil, usar camisetas verde e amarela e é claro usar a camisa da nossa selecao na copa. Acho que agora só basta mudarmos a realidade no Brasil para que nao somente a imagem seja boa.

Um comentário:

  1. Rapaz, esse assunto tem muitas abordagens diferentes, mas vou me ater na sua linha de pensamento.

    Nas suas metas a jovem foi bem clara: mudar para outro país. o Brasil é apenas uma possibilidade (mas se for bonitinha e gente boa, pode dar o endereço lá de casa). O que está por trás disso? Seguramente alguma insatisfação com a Alemanha. Será que ela não conseguiria separar algumas manchetes de violência similar em algum jornal alemão? E ainda comentaria nosso analfabetismo em alemão. Quantos assassinatos por xenofobia acontecem por dia por lá?

    Eu poderia seguramente desqualificar a manchete do jornal dizendo que isso não me afeta, afinal nunca fui assassinado pelo tráfico (nem conheço ninguém que o tenha sido). Pra falar a verdade só fui vítima do tráfico quando comprei bagulho malhado... Mas esse argumento é muito furado.

    Sério, a coisa aqui é em escala muito maior, mas cada sociedade tem suas mazelas e seus tesouros.

    Nem tudo no mundo são flores, mas como eu li numa placa dentro de um cemitério peruano, as flores são parte da vida. O fato é que nós temos muitos tesouros, que por causa da violência deixamos de ver. Hoje mesmo, vindo pro trabalho, parado num sinal, um vendedor de lenços de papel fez uma graça, a gente riu, deu uma corda e nos poucos segundos que precederam a abertura do sinal ele já tava contando histórias do filho dele, numa alegria só. Meu comentário foi que essas coisas só acontecem no Brasil, minha irmã retrucou que ela sentiu muito a falta disso quando morou na Austrália.

    Quantas vezes já encontramos completos desconhecidos na rua, num ponto de ônibus, numa fila de banco e um simples comentário em voz alta , ou um simples "que horas são?" rendem altos papos, por vezes até com aquele brilho de amigos de infância.

    Moral da estória: Vai fazer isso aí na Europa, se você não for preso, as pessoas vão ficar duras (e não é por medo da violência).

    Talvez seja isso que a alemã estava procurando, ou talvez só um estímulo cultural mais forte. Um fato que pode passar bem despercebido, e que leva a essa conclusão, é que ela queria aprender a falar inglês, não português...

    Bom, depois eu continuo, afinal alguém tem que trabalhar e você tá de férias. Mas um ponto que queria deixar como reflexão é que um erro muito comum é o de assumir a realidade das grandes capitais do Brasil como realidade do país inteiro. O Brasil é muuuiiito grande.

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